sábado, 20 de março de 2021

Trouxe umas bolachas...


A geração dos nossos avós e pais aprendeu a dar valor às pequenas coisas que pudessem ser adquiridas. Hoje banalizamos os iogurtes, manteiga e bolachas, mas para quem só tinha pão e os produtos que a terra dava, ou o que podiam comprar nas feiras e vizinhança, estes novos sabores vindos das grandes cidades e do estrangeiro eram uma verdadeira relíquia. 

Também o cuidado com a alimentação é uma das maiores preocupações ao longo da vida. Cuidamos ao alimentar os nossos entes. Somos assim desde que nascemos, o primeiro ato do recém nascido é ser alimentado, porque haveríamos de mudar ao longo do tempo? A criança cresce e torna-se um adulto mais saudável se comer bem, somos ensinados a acreditar que a alimentação nos dará força e saúde. Em fim de vida esta também é a preocupação dos familiares, quando na realidade, numa fase final sabemos que de nada irá adiantar... 

Esta é a história de um casal com 97 anos ambos, juntos desde os 23 e sem vontade de se separarem. Um teve que sair de casa mais cedo e está aos cuidados de uma unidade, o outro vê a necessidade de ir para um lar e iniciar um percurso de vida sozinho. Não sabia como ia encontrar a esposa, porque quando se passa dos 90 ninguém valoriza mais e as informações são dadas aos filhos. Trazia umas bolachas porque a esposa gostava delas e era muito gulosa. Chorou, chorou bastante e percebeu que ela não volta para casa. Agradeceu os anos de amizade que passaram juntos e disse que ela toda a vida tinha sido boa pessoa e merecia que a cuidassem bem. Ele sempre a tratou bem e quando casaram prometeu que estariam juntos até a morte os separar... Nunca faltou a uma promessa porque foi assim ensinado desde pequeno.

Uma pena que estes ensinamentos se percam no tempo..

quarta-feira, 17 de março de 2021

Arrepia-me...

 

Hoje ninguém quer ler um romance, ou um livro completo, hoje as pessoas lêem citações, frases curtas mas intensas, porque ninguém tem tempo, porque ninguém tem paciência nem consegue aguardar. Hoje assistimos séries, em vez de filmes, porque são mais curtas, intensas e prolongadas no tempo, preferimos pequenos prazeres a um prolongar e pacífico final. Hoje nada nos cativa com a emoção de anos atrás. O fast food implementou-se na nossa vida e preferimos a intensidade dos corantes e temperos à naturalidade de uma fruta fresca. As músicas passam sem que nos criem memória… estaremos a perder a nossa humanidade? Estaremos a seguir um padrão, onde o virtual se sobrepõe ao real? Onde o ecrã nos absorve mais do que o toque da pele?

terça-feira, 16 de março de 2021

Juro...


Numa próxima vida fazemos da tua maneira.

Juro que vou ter mais calma e ser menos ansiosa, vou aguardar pela tua orientação e deixar-me guiar pelos teus passos mais lentos mas com maior sentido. Tu sempre deste mais sentido às coisas, envelhecemos e percebemos porque ficamos desorientados, ao longo da vida perdemos os nossos pontos cardeais, as nossas pessoas referência. 

Juro que me vou lembrar, juro que vou esperar... Esta imagem lembra-me tudo o que prometemos fazer e nesta vida não conseguimos cumprir. Eu queria mais... mais rápido, mais forte, mais dinheiro, mais sonhos, mais projetos e não realizei nada, porque nunca era o suficiente comparado com a sensação de estar contigo.

Eu não fui metade do que tinha sonhado e só tu me fazias acreditar ser mais do que tudo. Quando te perdi, perdi também a fé em mim própria... Percebi que eras o reflexo positivo de mim mesma, tu eras a Van, o pôr do sol na praia, a música, o entardecer abraçados, tu eras luz e esperança.

Obrigada e até uma próxima vida

quarta-feira, 3 de março de 2021

Um Brinde!!

Ato de tamanha felicidade e prazer que se pode transformar numa dependência e nos levar à morte... Tudo na vida é assim, o bom, em excesso pode fazer mal, porque se torna viciante, mas também o mal pode ser viciante. 

Entramos em ciclos viciosos por prazer ou por hábito, por inconscientes mentalizações e repetições de comportamentos adquiridos ou aprendidos. A verdade é que somos o resultado do que dizemos, do que bebemos, do que  acreditamos. 

A depressão percebe isso e facilmente atrai a sua vítima com um ciclo de prazer na dor e no sofrimento.

Estranha forma de vida esta... Do humano.

Hoje brindo ao amor, platónico, carnal, próprio, ilusório... Não sei se é esse o sentimento, mas brindo às expectativas de felicidade, às promessas de uma vida feliz e partilhada, ao esforço de quem se importa, ao sorriso no olhar... Hoje e só hoje vou acreditar que há oportunidades e mudança positiva nas pessoas. De qualquer forma, brindo, sem abusos, porque hoje alguém arriscou a sua vida e deu o salto para o obscuro em nome desse tal e dito amor. Uma felicidade plena é o que lhe desejo S.F