Quero gritar, quero rasgar a pele e anunciar aos sete ventos que não sou feliz. Que me quero evadir de mim, de quem sou, do que represento. Quero ser atriz e vestir a pele de algo simples, banal e abonatório de elogios, sem stress, sem responsabilidades, apenas e só isso simples. Ando exausta e não consigo colocar isso em palavras, tão ocupada ando que nem tempo para processar e reclamar me resta. Faz isto, faz aquilo, termina isto, envia aquilo, emite, digitaliza, assina, imprime, envia, recebe, e quando finalmente terminam estas tarefas, um novo mês inicia e com ele a repetição cíclica de tudo, alguns meses com maior intensidade. Ninguém tem noção da falta que 2 dias de fevereiro fazem num mês, como eu! Tudo mais condensado, mais comprimido e repete... Repete... Repete!
Quero gritar, quero encontrar um equilíbrio. Sinto que não sou capaz, não sou competente, não sou suficiente.
Sinto que preciso correr, gastar-me, rasgar as entranhas que anseiam por algo, por me sentir viva. Estou cheia de tarefas e agendas e tão só de mim própria. Encontro-me tão desencontrada de mim que não me reconheço, não me sinto, não me vejo.
Por fora a imensa calma que transmito, contrasta com o vulcão que ferve cá dentro. Cada dia em maior ebulição. Não sei por quanto tempo subsiste esta resistência. Não sei sequer se resiste... Estou com imenso trabalho, acumulo as funções que eram de outras pessoas que saíram, em prol de uma causa, em prol de uma suposta poupança necessária para um bem comum... Mas o bem não chega nunca... As mentiras sobrepõem-se e nasce em mim a desilusão, a tristeza e o desespero.
Não sou feliz, não me sinto bem.... Mas ninguém quer saber...