Às vezes gosto de fazer este exercício, como se ele resultasse em alguma diferença. Mas a ideia de que possa idealizar algo basta-me. Talvez queira pouco...talvez devesse ambicionar mais. Mas a ilusão de imaginar algo diferente parece ser suficiente para quem nada mais tem a esperar... Não sei se é conformismo ou forma de ser. Talvez seja adaptação. O humano adapta-se ao ambiente que o rodeia.
Não é que te tenha esquecido e aceitado a realidade mas por incapacidade de fazer melhor, confesso que nos imagino que projeto uma vida paralela onde nós existimos juntos. É parvoíce e perda de tempo bem sei. Mas se isso me faz feliz por meros minutos deixa que seja, deixa que exista.
E nesse mundo imaginário, platónico e surreal tu contínuas a amar-me e eu sou desejada por ti, como se precisasses de ar para sobreviver. Não quero a tua dependência, mas quero a necessidade de me sentir necessária. Sei que é triste demonstrar a minha solidão desta iniciativa, mas preciso de me sentir necessária para me sentir valorizada. Sei e entendo que tem raízes no passado, sei perfeitamente do que me falta e sei também que não tomo as melhores decisões, por vezes na dúvida da aceitação mas porque caminho sem um destino e deixo à mercê dos outros as minhas emoções. Precisava de tempo para decifrar o que sou e para onde vou, sem depender da opinião e consideração externa mas vivo apegada ao agradamento. Assim fui educada. A agradar a todo o custo como se isso fosse o decisor de quem eu sou, do que me define. Percebo hoje que depende de mim e do que eu queira no futuro. Mas e o que é?