sábado, 10 de junho de 2017

Apresentação




Como psicóloga e como colaboradora na área da saúde, decidi escrever sobre o meu quotidiano, sobre o sofrimento humano e também sobre a cura. Mesmo que essa cura seja a partida, pois a grande maioria dos cuidados são paliativos.

To care: no duplo sentido de cuidar e de se importar.

Também aqui o penso tem este significado duplo: o penso enquanto elemento que cura e o penso enquanto acto de pensar/ analisar a situação, neste caso a ferida.

Ferida como dor/ doença, que se sente no outro, na família que o acompanha, mas também na equipa que todos os dias lida com as suas próprias dores e medos.

Para refletir e, ao mesmo tempo, exorcizar os meus fantasmas, porque ter o privilégio de acompanhar os momentos finais de alguém, ser a pessoa que escuta, dá a mão ou realiza desejos, nos dá um legado demasiado valioso para não ser partilhado. Porque me faz sentir mais humana, mais frágil e vulnerável todos os dias, mas me dá um prazer imenso a cada nova vivência viver um sentimento de paixão e admiração com as histórias de vida de cada um. As narrativas biográficas são recheadas de aventura, romance, drama... é como ler um livro no olhar dessas pessoas. Aqui sou apenas uma redatora dessas experiências, com um pouco de mim à mistura, perdoem-me a incapacidade de ser neutra ou imparcial, mas muito do que transmito é mais sentido nos poros da pele do que no conteúdo das palavras. Há muitas conversas que são tidas no silêncio, num abraço ou num olhar e terei que usar frases para vos descrever a sensação.

Penso na ferida, um blog feito de sentimentos, com histórias fictícias, baseadas em factos reais.

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