Somos convidados a subir ao internamento, na entrada encontra-se uma porta de vidro com código e do lado esquerdo cacifos com nomes de pessoas. A enfermeira explica que são como se fossem caixas de correio, onde se podem deixar mensagens, objectos, encomendas de pedidos. Para evitar que estranhos entrem nos quartos (encomendas) ou para resguardar a privacidade do utente. Segundo ela é muito comum enviarem entregas e cartas, o próprio utente pode colocar lá o que pretende enviar que será enviado e garante maior confidencialidade, estando uma pessoa encarregue dessa função.
Os quartos são individuais e com casa de banho, fomos visitar um que se encontrava vazio.
Todos possuem um cadeirão para que o familiar possa repousar, um quadro para serem colocadas imagens, fotografias, textos, cartas, enfim, o que pretenderem. E todos dispõem de relógio para permitir uma orientação temporal.
Têm uma janela grande e cortinas com padrão de flores. Lavatório para as mãos e caixote de lixo com pedal e tampa. Rampa de O2, Ar e Vácuo na cabeceira, tomadas, candeeiro e um monitor.
As camas são articuladas e com colchão de pressão alternada e anti-escaras. As casas de banho têm espaço de duche, com cadeira higiénica, proteções anti-derrapantes e a sanita.
Em termos de organização não variam muito das nossas estruturas nacionais, sendo que a ideia de prestação de cuidados clínicos e de âmbito hospitalar se associam ao lado mais humano e intimo de garantir a dignidade até ao fim da vida, permitindo que o utente partilhe com os familiares a pessoa que é, até morrer.
A minha profissão possibilitou-me estar perto de pessoas em fim de vida, que sofrem doenças crónicas e de famílias exaustas, incapazes de dar mais. Existimos para lhes proporcionar algum suporte e qualidade de vida, nem que seja na morte. E há tanta vida na morte! Tive necessidade emocional de escrever, quer porque temo perder as lembranças, quer porque são demasiado significativas para partirem, comigo, na minha finitude. Aprendi que não se deve antecipar nem atrasar a morte, mas também a vida!
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