A D. Lili partiu. A avó como tantos a chamavam decidiu ascender aos céus, sim ela foi de certeza para o céu. Era muito acarinhada e amada pelos filhos e netas. Era possível sentir nas videochamadas e visitas presenciais, esse amor. Mas a sua partida foi prolongada e em câmara lenta. Durante os últimos meses faziam-se chamadas de despedida e entre os familiares e equipa tentava atribuir-se um sentido ao dia em que ela partisse. Nós humanos procuramos sempre um sentido lógico para explicar os acontecimentos e pensou-se que estaria á espera do aniversário, ou do filho que viria, ou da data em que faleceu o marido... E sempre se iam lançando hipóteses para perceber o que a mantinha aqui.
Fizemos a despedida com a autorização de partida em que os filhos e netas a autorizavam a ir e garantiam que iam ficar bem. Mas ninguém iludia a Lili e hoje percebeu-se que eles precisavam daquele tempo para iniciar o Luto.
Afinal acabou por partir exatamente um ano após ter tido o AVC e iniciar a sua demanda. A morte não tem explicação, nem espera pelo momento.... mas talvez seja mais fácil de aceitar quando encerra em si um sentido ou apenas uma coincidência... E afinal existem coincidências!?
Sem comentários:
Enviar um comentário