Tinha um filho com 8 anos que faleceu, não tendo resistido aos tratamentos. Ambos foram vítimas de um ataque com ácido. Sofre do que como ela costuma dizer: "um cancro de consciência". Um sofrimento que a consome diariamente, tendo metastizado em todas as emoções. Não consegue sorrir, não consegue dormir, não consegue olhar sequer para ela. Grita silenciosamente, nem chorar pode, porque a pele rasga ao menor esforço.
Vive para dar sentido aos outros, encontrou na equipa o seu sentido de vida, vive para ser lembrada e... que um amor não deve doer desta forma. Não deve marcar desta forma. Amor não é possessivo, amor não é egoísta. Aprendeu com a vida, que o seu amor pelo seu filho só poderia liberta-lo. Sofre por não terem feito o mesmo por ela, se era amada nunca a deveriam ter aprisionado desta forma.
Dói demais sequer imaginar o que é perder um filho. É anti-natura, é injusto, é inexplicável.... mas toda a gente sabe que existem cuidados paliativos pediátricos, que todos os dias crianças morrem... mas ninguém quer falar sobre isso e muito menos ler sobre isso. Por incrível que pareça, e, das coisas que mais nos comovem é perceber que são as crianças que ajudam os pais, elas, talvez pela inocência, talvez pela simplicidade, sentem-se tranquilas e fortalecem os pais, deixando-os em paz. Não sei se existe céu, se irão tornar-se anjos... mas de uma coisa tenho a certeza, quando morre uma criança, morre uma mãe.
Esta imagem "marca-me" também a mim, depois de vê-la é impossível ficar indiferente. Acredito que existem laços inquebráveis e impossíveis de romper, nada é mais forte que este amor. Apesar de ser uma imagem de fotojornalismo transmite todo o afeto e carinho, a essência mais pura que possuímos e que desprezamos... a capacidade de sermos, apenas e só, humanos.
Sem comentários:
Enviar um comentário