A minha profissão possibilitou-me estar perto de pessoas em fim de vida, que sofrem doenças crónicas e de famílias exaustas, incapazes de dar mais. Existimos para lhes proporcionar algum suporte e qualidade de vida, nem que seja na morte. E há tanta vida na morte! Tive necessidade emocional de escrever, quer porque temo perder as lembranças, quer porque são demasiado significativas para partirem, comigo, na minha finitude. Aprendi que não se deve antecipar nem atrasar a morte, mas também a vida!
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Ecologia social
Hoje este foi o cenário, de um dia onde o fogo nos rodeia, onde o ar é pesado e o sol não brilha. Hoje encontrarmo-nos em apneia, em dificuldade respiratória e com um sofrimento na alma. Tudo arde, alguns dirão que é só mato, poucos saberão o valor dessas palavras e o seu peso. O sentimento é de preocupação, é de dor. Em partilha social dizem os antigos que nunca viram algo assim, que o fim do mundo se aproxima. Hoje, ainda que de um modo figurativo, diríamos que nos encontramos em fase de agonia, nos últimos momentos. Que venha a chuva e alivie este sofrimento, que venham medidas legais que responsabilizem os culpados, que venham incentivos e prémios para quem cumpra e que a esperança renove os solos e as pessoas se unam para reflorestar as paisagens. Que façamos mais do que falarmos e criticarmos. E que, tal como nos cuidados paliativos, que do sofrimento nasça algo de bom.
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