Escrevo para me analisar, pesar os prós e contras desta intervenção e "encerrar" o caso em mim, mas este senhor ficará marcado para sempre, foi uma passagem enriquecedora e que me desenvolveu enquanto pessoa. Ele de mim levará pouco, apenas a companhia que lhe fiz e alguns sorrisos que lhe entreguei. Ele gostava de falar de morte e comigo não tinha entraves nem lhe fugia ao tema, abordávamos a morte enquanto dilema de vida, e, se no início ele dizia ter uma angústia de morte, agora no final dizia que lhe fazia companhia, que a pedia para terminar os seus dias, não porque tivesse dores, mas porque sentia ter vivido tudo o que de bom a vida tinha, e, estar ali, era arrastar os dias. Era manter-se para os outros, perder tempo...
Como forma de o compensar perguntei o que lhe poderia dar no seu aniversário, que o faria feliz? Disse-me "verde, verde, verde..." Era um fado de Amália.
Depois disse-me que lesse o livro " A morte de Ivan Ilich" de Liev Tolstoi que iria perceber o seu modo de sentir, que quando o fizesse pensasse nele. Agradeceu-me a presença e afecto, mas mais lhe tenho eu a agradecer. Obrigada por me permanecer, por me ter permitido entrar no seu mundo interior e acima de tudo pela forma agradável com que sempre me recebeu e pelas conversas trocadas.
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