terça-feira, 15 de junho de 2021

Mãe


 Eu tenho a sorte ou o azar de ter sido criada por uma mulher independente. Quis a vida que cedo ficasse sozinha, assumindo a seu cargo a educação de duas crianças. Não foram tempos fáceis, nem havia apoios como há atualmente. Mas também ela foi habituada a lutar pelo seu futuro. Por ter sido filha de emigrantes e ter encontrado na emigração uma solução para a sua necessidade, ajudaram muitas pessoas a se estabelecer num País estrangeiro e com uma língua diferente da sua. Pessoas com esta capacidade de adaptação percebem que o mundo é muito maior e que as pequenas quezílias nada importam e que são fruto de cabeças ocas. 

Ela com a sua experiência ensinou-me que somos empreendedores e capazes, na medida dos nossos sonhos. Não há medo da mudança nem distância que o impeça. Com a perda do meu pai, ela aprendeu a fazer esse papel e não me criou para ser princesa, nem para depender de alguém que me suporte. Ela ensinou-me que todo o poder está dentro de nós próprias e que somos as condutoras do nosso rumo. Ensinou-me que seremos sempre as responsáveis pelos nossos atos e que devemos pensar pela nossa cabeça, por isso se esforçou para que estudasse e tivesse o privilégio de ser quem ambicionava ser. 

Hoje tenho uma filha e não quero que ela se sinta inferior ou que seja prejudicada por ser mulher. Quero que tenha orgulho nela própria e não permita nunca que lhe faltem ao respeito ou á consideração que ela merece. Hoje sei que a única forma de a educar desse modo é servindo de exemplo para ela. 

Sou feminista e acredito no valor de um coração de mãe, de esposa, de profissional. Sei que este é um mundo de homens e que seremos mais fortes se nos unirmos em vez de criticarmos e estarmos constantemente em rivalidade umas com as outras. 

Tenho uma grande mãe e estou grata pelos seus ensinamentos. Amo-te

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