Numa das chamadas "visitas de despedida" foram contatados os familiares mais diretos para uma senhora dos seus 92 anos, linda, de pele clara e cabelos de prata. A senhora já estava na fase de agonia, com respiração mais ofegante e aguardava que seus filhos chegassem. Medicada para as dores, estava num quarto individual para dar mais privacidade a esse momento. O filho e duas filhas chegaram e subiram onde a abraçaram, beijaram e autorizaram a partir. Passado pouco tempo, uma das filhas achou que seria importante a mãe ter o seu momento de absolvição dos pecados e pediu que o padre viesse para efetuar a extrema unção. Foi feita essa articulação mas o senhor padre estava numa reunião no Município e não teria o material necessário, pelo que iria á sua residência para os buscar e assim que pudesse viria ao seu encontro.
Não tardou uma hora, assim que chegou subiu ao quarto e precisamente 2 minutos antes a senhora havia ascendido aos céus. O Sr. Padre parou, respirou fundo e deu os sentimentos á família. Num ato de pura humanidade começaram a cair lágrimas do seu rosto, enquanto pedia desculpas por não ter chegado a tempo. A equipa que estava presente deu as mãos em uníssono e juntos rezamos pela sua alma. Nesse momento deixou de haver enfermeiros, cuidadores, auxiliares ou diretora... fomos todos, apenas e só irmãos. Irmãos em Cristo e em luto por uma mãe que havia partido.
Foi um dos momentos mais marcantes que vivemos em equipa. A imagem representa o bem que pode vir das nossas ações. Ninguém sabe a dor que o outro carrega, mas até um sapato velho pode criar flores.
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