Hoje escrevo sobre o facto de algumas pessoas viverem a vida e no final não terem ninguém para compartilhar os seus sofrimentos. É doloroso pensar que mesmo pessoas que foram mães e são avós, vivem os últimos dias sem o conforto de um colo, sem o contato de um familiar. Nesta Unidade existem até ao momento três mulheres que não têm ninguém de familiar como referência. Cujas decisões de enterro e diligências finais couberam aos elementos da equipa. Os nossos três potes de cinza, com histórias, com rosto, com tanto amor para dar. Perguntamo-nos os motivos que levam a este desfecho, que consequências de vida estarão a sofrer, sem julgamentos, apenas com espanto pela impavidez e dura frieza com que o fim de vida as trata. Para nós foram e são importantes, mas é triste e melancólico ser confrontado com esta finitude tão real. Não somos nada... Lembra-te que és cinza e a cinza tornarás...
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