domingo, 6 de novembro de 2022

Nem 8 nem 80....


Percebi esta semana que nos podemos interligar ao sofrimento sem nos deixarmos ser consumidas por ele. A compaixão. Sentir empatia com o sofrimento, mas ter a capacidade de sair dele e vê-lo como algo externo a nós próprios. 
Em cada morte e história que escrevo, revia, em parte, os meus lutos, as minhas dores. Na maioria dos textos, o luto de um amor que terminou, mas me marcou... talvez para sempre. Revivia nestas vivências o sentimento da perda e do sofrimento que ainda restava. 

Percebo que são textos pesados e provavelmente aborrecidos para quem os lê com um outro olhar, de quem não viveu os meus passos... Também percebo que foram pequenos passos, que nunca dei o salto desejado para algo maior. 

"-Tens a dor, tens a reflexão sobre ela e a passividade de um conformismo atroz. O que vais fazer com o que sentes? Vais viver ou existir?" 

Percebi agora, que estas dores, só doíam em mim, porque a ferida estava aberta. 

Percebi que é preciso cuidar de mim, ter autocuidado e autocompaixão. E sigo as palavras da filosofia hoponopono:

"-Eu sinto muito, eu me amo, me perdoo, sou grata".

Juntei as coisas que tinha nossas (quis a vida que as tivesse que juntar) e li, revi, chorei, sofri. No fim queimei o que ia fora e guardei apenas pedaços bons da saudade. Da taça com cinzas enterrei-as num vaso e plantei umas sementes. Enviei todo o amor e gratidão e sei que irão brotar bons frutos. Agradeci e acho que fiz o ritual necessário para a catarse. 

Das histórias de perda e morte do trabalho percebi que o limite é o respeito pelo outro e que a compaixão me permite manter a minha sanidade mental.

Estou a uns passos do que era... continuo a caminhar... E sinceramente espero nunca me tornar indiferente ao sofrimento do próximo, separando entre o que é meu e o que é externo. Sentir com ele e nunca por ele.  

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